O dólar terminou o primeiro semestre de 2024 com alta de 15,14%, atingindo seu maior patamar desde 10 de janeiro de 2022.
A moeda encerrou a sexta-feira (28) a R$5,5907 na venda, em alta de 1,50%. Enquanto isso, no mês, a subida do dólar foi de 6,46%.
Dentre os fatores internos que influenciaram o dólar na reta final deste mês, estão falas reiteradas do Presidente Lula criticando o Banco Central.
Lula vem preesionando, em especial, o presidente do BC (Roberto Campos Neto), acusando-o de atuação política, pelo fato de ter sido o ex-presidente, Jair Bolsonaro que nomeou Campos Neto.
No entanto, a última decisão do Copom sobre a manuteção da Taxa Selic foi unânime, ou seja, todos os componentes do Comite votaram para manter a taxa no atual patamar (10,50%).
Isso sem falar na situação fiscal (gastos do governo), que gera preocupações no cenário doméstico e afasta investidores estrangeiros.
PTAX
Ontem, somando-se aos demais fatores que impactam o dólar, houve a disputa pela formação da taxa Ptax de fim de mês.
Dessa forma, às 17h27, na B3 o contrato de dólar futuro de agosto que passou a ser o mais líquido nesta sexta-feira subia 1,57%, aos 5,6135 reais.
A Ptax, taxa de câmbio que o Banco Central calcula com base nas cotações do mercado à vista, serve de referência para a liquidação de contratos futuros.
No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la a níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta das cotações) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa).
Nesse contexto, nesta sexta a disputa se tornou ainda mais importante. Isso porque a Ptax também era a do encerramento do trimestre. Ela serve de referência para balanços de empresas com operações internacionais.
Assim, após atingir a cotação mínima de 5,5861 reais (+1,41) às 9h01, investidores comprados puxaaram o dólar, que se firmou rapidamente no território positivo. O movimento, contudo, foi na contramão do exterior, onde a moeda norte-americana cedia ante as demais divisas de emergentes.
IMPACTOS NO MERCADO E NA ECONOMIA
Em um mundo cada vez mais conectado, a economia global se assemelha a uma complexa rede de fios entrelaçados, onde a flutuação de uma moeda, como o dólar americano, reverbera mundo à fora, influenciando desde o mercado financeiro até o bolso do consumidor brasileiro.
Assim, a alta do dólar fenômeno, observado em diversos momentos da história econômica recente, reverbera em nosso país e possui um impacto direto na vida de todo o consumidor brasileiro.
Vamos navegar por esse mar para entender como essa onda impacta a nossa economia.
1. Importação e Inflação: Uma Relação Direta
Apesar da moeda dos EUA não ser a moeda oficial do Brasil, seu valor em reais possui um impacto direto na vida do brasileiros.
Sendo assim, isso ocorre, sobretudo, porque grande paerte dos produtos, ou vem ao Brasil por meio de importações ou tem alguma relação com produtos importados.
Imagine que você é um empresário que importa produtos ou insumos dos Estados Unidos.
Com o dólar em alta, cada real compra menos dólares, encarecendo os produtos importados. Esse aumento de custo costuma ser repassado ao consumidor final, alimentando a inflação na economia brasileira.
Assim, a alta do dólar tem o poder de tornar mais caro o café da manhã do brasileiro, que se surpreende com o preço do pão (trigo), por exemplo. Apesar de ser podurizdo aqui, o pão consumido brasileiro tem por insumo básico, o trigo, insumos importado e cotado em dólar.
2. Exportação: Entre Desafios e Oportunidades
Para o setor exportador, o cenário pode ser mais favorável. Empresas que vendem commodities par ao exterior, como soja e minério de ferro, recebem mais reais por cada dólar ganho com as vendas.
Isso pode significar maior competitividade e lucratividade. Entretanto, é uma espada de dois gumes: a longo prazo, a dependência de um câmbio favorável pode desencorajar investimentos nacionais em inovação e eficiência.
3. Dívida Externa e Investimento Estrangeiro
Empresas e o governo brasileiro que possuem dívidas em dólar veem o custo dessa dívida aumentar com a alta da moeda. Isso pode afetar o equilíbrio das contas públicas e a saúde financeira das empresas.
Por outro lado, um dólar mais forte pode tornar o Brasil um destino mais atrativo para o investimento estrangeiro direto, buscando aproveitar a maior quantidade de reais por dólar investido.
4. Turismo e Educação
Para o turista brasileiro, o sonho americano fica mais caro com o dólar em alta. Viagens, estudos no exterior e até mesmo aquela compra desejada em sites internacionais pesam mais no bolso.
Isso pode levar a uma retração desses setores, afetando desde agências de viagem até instituições de ensino estrangeiras que dependem de estudantes brasileiros.
Conclusão: Navegando em Águas Turbulentas
Sendo assim, pode-se dizer que alta do dólar é como vento que sopra sem pedir licença, alterando rotas e desafiando os navegadores da economia brasileira a ajustarem suas velas.
Para o investidor, é um lembrete da importância da diversificação, não apenas em ativos, mas também em relação à geografia, buscando exposição a mercados globais, com ativos negociados em outras moedas e em outros mercados.
Já para o consumidor, é um chamado à conscientização sobre o impacto de suas escolhas de consumo.
Por fim, para o país, é uma oportunidade de refletir sobre a necessidade de fortalecer a economia interna e adotar responsabilidade fiscal, tornando o país mais atrativo ao investimento estrangeiro e menos vulnerável às tempestades externas.