Expectativas para inflação: queda em 2022 e alta em 2023

O Boletim Focus, relatório semanal que traz um levantamento compilado pelo Banco Central com mais de 100 instituições financeiras, segue revisando para baixo a projeção da inflação de curto prazo (2022), e elevando para 2023.

A expectativa para o IPCA de 2022 passou de 7,54% a semana passada para 7,30%. Enquanto isso, a projeção do índice para 2023 subiu de 5,20% na última semana para 5,30% na atual. Há 4 semanas a previsão do IPCA de 2023 er de 4,90%.

Tal cenário leva em consideração as medidas tributárias aprovada pelo Congresso Nacional, impondo a redução de impostos sobre combustíveis, energia elétrica e telecomunicações. De modo geral, entende-se que tais cortes, bem como a concessão de programas assistenciais (“auxílios”) irão reduzir a inflação no curto prazo, mas será elevá-la no longo prazo.

No entanto, o governo, na figura do ministro Paulo Guedes, já destacou que a concessão dos benefícios sociais não irá prejudicar as contas públicas. Guedes destacou que o governo obteve recursos acima do esperado com dividendos recebidos de empresas em que é acionistas e de vendas de participações da União em empresas (desestatizações).

Além disso, ressaltou que a forte alta na arrecadação de impostos permitiu cortes na alíquota de tributos. Segundo o ministro, o governo está repassando tais ganhos à população “dentro da filosofia liberal”.

“Com esse excesso de dividendos e com os recursos da privatização, tem quase R$ 50 bilhões que não estavam no Orçamento. Então, sem prejuízo da nossa programação fiscal, podemos reduzir os IPIs, o ICMS… Estamos repassando para a população dentro da filosofia liberal democrata.”

A projeção para o IPCA (tanto para 2022 quanto para 2023) está fora da meta do BC, que é de 3,5% para 2022 e 3,25% para 2023, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Assim, caso a projeção se concretize, a meta do BC será descumprida por três anos consecutivos.

DESANCORAGEM

Por fim, o Boletim Focus também mostra sinais de desancoragem de expectativas mais ampla. As estimativas de inflação para 2024 divulgadas no relatório estão em 3,30%, nível acima do centro da meta (3,00%) pela segunda semana seguida.

Essa desancoragem entre as expectativas para a inflação e a meta do Banco Central pode levar a um prolongamento do ciclo de alta da taxa de juros básicos economia, a Selic Meta, que atualmente está em 13,25% ao ano.

Na próxima semana (1º e 2 de agosto) o Comitê de Política Monetária (Copom) irá se reunir para decidir se eleva a Selic mais uma vez. A tendência já anunciada na última reunião (247ª – 14 e 15 de junho) é de um aumento de 0,50% ou de 0,25% na taxa.

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