A Argentina criou duas novas “modalidades” oficiais de dólar. É mais uma tentativa de controlar a crise cambial e a fuga de capital que assola o país.
Assim, o governo anunciou a criação do “dólar Coldplay” e o “dólar Qatar”, com o objetivo de “auxiliar o setor cultural” e de evitar a saída de dívidas do país. Ambos começaram a vigorar ontem (12).
O “dólar Coldplay” é direcionado ao setor cultural, que poderá ter acesso à moeda por um preço menor, a fim de incentivar a ida de artistas internacionais à Argentina. O nome escolhido é uma homenagem à banda britânica, que fará 10 shows no país.
Enquanto isso, o “dólar Qatar” (referência ao país-sede da Copa do Mundo de 2022) está enquadrado na categoria “dólar para turistas”. Ele leva em conta as projeções de maiores gastos de argentinos em viagens ao exterior.
Com isso, agora a Argentina tem 14 tipos de dólar em vigor oficialmente, como o “dólar Netflix”, o “dólar cripto”, entre outros.
O país tem sofrido recorrentemente com a disparada da inflação (inflação anual chegou a 78,5%) e escassez de reserva internacional em dólar (saiba mais).
Atualmente, a diferença entre a cotação oficial do peso argentino, de cerca de 150 pesos, e do dólar no mercado “clandestino”, conhecido como “dólar blue” (cerca de 282 pesos), é de quase 90%.
DÓLAR COLDPLAY
Cotado próximo de 200 pesos, o “dólar Coldplay” tem um valor inferior aos cerca de 280 pesos do conhecido “dólar blue.
O objetivo da sua criação pelo governo é permitir que os empresários do setor cultural sigam com suas atividades e movimentem a máquina de empregos do segmento.
DÓLAR QATAR
Por outro lado, o “dólar Qatar” será aplicado ao consumo acima de US$ 300 em cartões de crédito e débito. A taxa será de 300 pesos por dólar.
Com isso, governo elevou as taxas do cartão para uso fora do país ao aplicar uma taxa de 45% para compra no estrangeiro. Para compras de artigos de luxo, haverá um acréscimo de 25%.
A ideia é fazer com que os viajantes argentinos usem cédulas de dólar ao invés do cartão (que muitos mantêm em casa ou em cofres).
Assim, o governo argentino pretende evitar que os turistas busquem o Banco Central para comprar moeda antes de viajar, o que diminui a reserva em dólar do país.
“Tomamos esta medida porque recebemos reclamações de setores da economia e porque queremos cuidar das reservas para a produção e a geração de emprego. Para isso, precisamos evitar a fuga de divisas”, disse Carlos Castagneto, titular da Afip (a Receita Federal argentina) em entrevista na véspera.
Por fim, complementou: “Não estamos proibindo a compra de bens ou de pacotes turísticos, apenas encarecendo o valor do dólar para proteger nossas reservas”.